Os motoristas estão pagando mais caro pelo etanol. No Recife, é possível encontrar o combustível vegetal por mais R$ 3,50 o litro. Em alguns postos, o valor chega a R$ 3,699, bem diferente do início do mês, quando os valores para o etanol variavam entre R$ 3,20 e R$ 3,40 o litro, segundo o levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O aumento se dá por conta do fim da safra da cana-de-açúcar no Nordeste e a escassez do produto no Centro-Sul do País. Nesta época do ano, o Nordeste começa a receber o produto de outras regiões para compensar a entressafra. “Os estoques de álcool estão no fim aqui, e no Sul a chuva não está deixando moer a cana”, diz Gerson Carneiro Leão, presidente da Agrocan (Cooperativa do Agronegócio da Cana-de-Açúcar). Para ele, o preço elevado vai se manter enquanto não for regularizada a produção em Goiás e São Paulo, o que deve acontecer no início de maio. “Mas não tem como ficar mais caro do que já está”, acredita.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço médio praticado na última semana para o etanol hidratado em São Paulo, foi de R$ 1,896 por litro (pago pelas distribuidoras ao produtor, sem incidência dos impostos). Este valor representa uma alta de 15% em relação à semana anterior, segundo o Cepea.
O presidente do Sindicombustíveis-PE, Alfredo Pinheiro Ramos, confirma que o etanol está chegando mais caro para os donos de postos porque as distribuidoras estão contingenciando os estoques. “Na semana passada, comprei etanol às distribuidoras por R$ 3 o litro. Hoje (ontem), o preço já era de R$ 3,25. Mas já soube que tem posto comprando a R$ 3,40”, diz Pinheiro Ramos. Ele também reclama da pauta fiscal do Estado, que elevou o valor do ICMS no início do mês de 23% para 25%. “A pauta fiscal é uma média ponderada que o governo usa para calcular o imposto que é recolhido antecipadamente.” O presidente do Sindicombustíveis afirmou que, atualmente, o cálculo é feito em cima do valor de R$ 3,49 para o litro do etanol. “Juntando uma carga tributária elevada e o produto em falta no mercado, o resultado é a subida do preço nas bombas”, diz Ramos.
Para o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, a falta de uma política de abastecimento por parte das distribuidoras também contribui para essa situação. “O consumo de etanol cresceu mais de 80% entre 2017 e 2018 no Norte e Nordeste, mas as distribuidoras só querem comprar baseadas no consumo imediato e não se programam, não fazem contrato de hidratado para doze meses”, diz Renato Cunha.
DIESEL
A elevação do preço do diesel em R$ 0,10 nas refinarias, anunciada ontem pela Petrobras, ainda não chegou a todos os postos. “Quem renovou os estoques e comprou com preço novo, repassou alguma coisa, mas foram poucos”, diz o presidente do Sindicombustíveis. O preço do diesel vendido pela Petrobras representa 54% do valor final nas bombas. A ele são acrescidas margens de lucro das distribuidoras, das revendas, impostos e mão-de-obra.