Com o deputado estadual Fabrizio Ferraz (PHS) de malas prontas para se filiar ao PP, o partido passará a ser um das maiores bancada da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), com 12 deputados, mesmo número de parlamentares do PSB, do governador Paulo Câmara (PSB). De olho no fim das coligações nas eleições proporcionais de 2020, o PP, assim como outras siglas, já se movimenta para emplacar candidatos às prefeituras municipais. Isso porque, com a impossibilidade de se unir a outros partidos na disputa para as câmaras, a tendência é que cada um deles busque lançar candidaturas próprias para fortalecer as chapas de vereadores.
Fabrizio Ferraz tem base eleitoral no Sertão de Itaparica e do São Francisco e, por isso, busca o comando da legenda em municípios como Floresta e Petrolina. Ele programa, inclusive, ato político de filiação em Floresta neste mês. “Dessa forma temos como acomodar lideranças políticas nesses municípios e lançar candidatos na maioria dos municípios que pudermos. Queremos lançar oito prefeitos em 2020 (na região)”, disse Fabrizio. Até então, o PP não tinha representação de deputados estaduais na região. Segundo Fabrizio, cada deputado do PP ficará responsável por articular candidaturas para prefeito e vereador na suas bases.
“O PP tem interesse de lançar o maior número possível de candidatos a prefeito do Estado de Pernambuco”, afirma o deputado Clóvis Paiva (PP). Ele cita os nomes de Marinaldo Rosendo para a disputa em Timbaúba e Beto Accioly em Camaragibe, ambos ex-deputados federais. “Há vários ex-deputados que perderam mandatos que vão trabalhar para ser candidatos. Isso vai ser avaliado lá na frente e a gente vai ver quem vai ser viável”, conta.
O deputado Delegado Erick Lessa (PP) é um nome ventilado para a eleição em Caruaru. Ele disputou a prefeitura do município em 2016 e obteve um pouco mais de 41 mil votos, (23,94%), mas não chegou ao segundo turno e ficou em 3º lugar. “Claro que por conta da representatividade de cada um se vislumbra as possibilidades de candidaturas majoritárias, mas não há nada efetivamente discutido. É claro que há esse ensaio de candidaturas e eu estou a disposição do meu partido e de Caruaru”, afirma Lessa.
Alguns parlamentares do PP estão insatisfeitos com a perda de espaços no governo estadual desde a Reforma Administrativa no início de 2019. O partido perdeu as indicações das secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Desenvolvimento Social e de órgãos vinculados ao governo. No alto escalão, ficou apenas com a Secretaria de Políticas de Prevenção às Drogas, comandada por Clóvis Benevides, nome ligado ao deputado estadual Pastor Cleiton Collins (PP). Diante dessa insatisfação, os deputados Romero Albuquerque (PP) e Joel da Harpa (PP) se colocam como pré-candidatos para as prefeituras de Recife e Jaboatão, respectivamente.
Para Joel da Harpa, independentemente do PP compor a base de governo na Alepe, a sigla deve buscar se fortalecer através das eleições municipais. “Eu estou pleiteando viabilizar minha candidatura em Jaboatão junto aos diretórios municipal e estadual do partido. Agora, lógico que isso vai ficar aberto para que o próprio governo possa entender essa liderança do PP e valorizar mais o partido que quer contribuir”, alega. Em 2016, Cleiton Collins disputou a prefeitura daquele município e ficou em 3º lugar com 39.076 votos, o correspondente a 13,44%.
Como o prefeito de Jaboatão Anderson Ferreira (PSC), que deve disputar a reeleição, é da oposição, a estratégia de compor múltiplas candidaturas do governo poderia enfraquecê-lo. Mas no caso do Recife, a situação é mais delicada, já que o prefeito Geraldo Julio (PSB), em seu segundo mandato, deve buscar emplacar o seu sucessor para o comando capital pernambucana. “Minha opinião pessoal é que o governo não vem valorizando o PP. Tanto não vem como é certa a minha candidatura a prefeito da cidade do Recife. Eu fui eleito deputado estadual, sou da bancada de governo, mas o que é que o governo faz pela minha causa, defesa dos animais? Absolutamente nada. Ou seja, eu posso permanecer em um governo que não está atuando pela minha causa? Não tem condições”, contaRomero Albuquerque.
Para o presidente da Alepe, Eriberto Medeiros (PP), todos os fatores externos deve ser avaliados para bater o martelo sobre as candidaturas do PP nos municípios. “O potencial, as parcerias, se vale a pena, os nossos parceiros e outros partidos que têm candidatura também. Tudo isso entra no rol das discussões para se evitar o máximo possível de confusão, de desentendimento. Mas certamente os conflitos de interesse vão existir e aqui e acolá vão aparecer”, admite.
O JC procurou o presidente do PP de Pernambuco, deputado federal Eduardo da Fonte (PP), mas não obteve retorno.