Quem vive em Olinda, mais especificamente nas imediações do Bairro Novo, tem à disposição uma orla inteira para curtir. Seja de dia ou à noite, os espigões, que lembram cais, convidam quem passa pelo local para dar uma espiada no mar. No entanto, estas estruturas, que deveriam atuar como agentes reconstrutores da faixa da praia, há tempos deixaram de cumprir sua função e preocupam pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Apesar de bonita, com o avanço do mar, a praia deixou de ter faixa de areia e a profundidade da água inviabiliza o banho. A erosão também compromete os espigões, que, segundo os pesquisadores, podem ceder a qualquer momento.
Desde a ampliação do Porto do Recife, Olinda sofre com o constante avanço do mar. Nos anos 50, foram implementadas intervenções para tentar conter essas mudanças e reconstruir a faixa de areia. Mas, desde 2011, pesquisas realizadas pela UFPE constataram que parte dessas intervenções não só não realizam mais suas funções, como também oferecem riscos à população e à configuração da costa.
“A função do espigão é segurar a areia que é trazida pelas correntes marítimas e recompor a praia, só que a quantidade de sedimentos transportada por elas não é suficiente. Como recebem constante agressão do mar, as pedras que o compõem vão caindo e ele vai se deteriorando. Agora, ele está intensificando a erosão da praia e expulsando os sedimentos da plataforma continental, que é essa faixa do mar que está em contato direto com o continente”, explica o engenheiro civil e doutor em geociências Luis Augusto de Gois.
Como também influenciou nas correntes, os espigões tem feito com que parte da areia da praia seja transportada para uma área mais distante do mar, onde está se formando uma pequena ilha. Segundo Luis Augusto, por dia, Olinda chega a perder o equivalente a 11 caminhões de grãos de sedimentos. Na área central do Bairro Novo, por exemplo, já não há mais faixa de areia e o mar varia de 1,60 m até 3 m abaixo do nível médio do mar. Enquanto outras áreas, pode variar de 2,5 a 3 m acima do nível do mar.