(Foto: Rádio AmarajiFM 98.5 Mhz- Amaraji PE)
A polêmica criada pela Prefeitura do Recife ao decidir realizar o teste da velocidade, deixando de multar, via equipamentos de fiscalização eletrônica, os motoristas que excederem os limites, é o momento ideal para reforçar o preceito básico da mobilidade de que velocidade e segurança viária são duas coisas que não combinam. Não tem jeito, por mais argumentos contrários que queiram criar. E entre os defensores da premissa está gente de peso, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas (ONU), a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). Quanto mais velocidade for permitida no trânsito, menos seguro ele será, mais acidentes e, principalmente, maior letalidade acontecerão, o que significa mais ferimentos graves e mortes. Por isso a decisão da gestão municipal é tão arriscada e simbólica.
Ter 22% das multas de velocidade cometidas nos horários de pico não é pouca coisa de forma alguma. Por isso a declaração do vereador Marco Aurélio (do PRTB e quem pediu o teste) de que é impossível um motorista acelerar nos horários de pico porque o trânsito está parado é uma falácia. Os dados do próprio município desconstroem o argumento. É algo dito por quem é leigo e não entende que nesses horários o perigo é ainda maior porque existem mais pessoas nas ruas. Mostra a importância dos equipamentos para a segurança do trânsito. Se deixarem de controlar a velocidade esses números vão aumentar”,
Pedro Guedes, especialista em mobilidade urbana
Não é à toa que gerou tantos questionamentos no setor e, até, uma ação judicial para suspender imediatamente o teste, previsto para começar no dia 1º de agosto. Embora a prefeitura tenha silenciado sobre o tema nos últimos dias, se posicionando apenas por notas oficiais que sempre dizem a mesma coisa, o mais grave do processo é que são os próprios dados do município que comprovam a eficiência da fiscalização eletrônica de velocidade. A redução no número de acidentes, por exemplo, alcançou índices de até 72% depois da instalação de alguns dos 77 equipamentos que hoje existem na cidade. Além disso, os dados da CTTU, disponibilizados no portal do município, mostram que 22% das infrações de excesso de velocidade registradas na cidade em 2017 aconteceram nos horários que a prefeitura planeja anular as notificações. O excesso de velocidade, inclusive, é o grande desafio do trânsito. É a principal infração cometida pelos motoristas em muitas cidades, inclusive no Recife. Responde por quase metade de todas as multas aplicadas apenas nos quatro primeiros meses de 2018 e é líder no ranking das infrações também no Estado.