(Foto: Rádio AmarajiFM 98.5 Mhz- Amaraji PE)
Correio do Brasil
Eva Gonçalves está desempregada, mora numa ocupação na zona oeste, deixou de receber R$ 79 do Bolsa Família, mas não foi informada do motivo da suspensão. "Todo mês a gente vai lá (no Centro de Assistência Social) e eles falam para nós que o caso está em análise, se as pessoas realmente precisam desse benefício", conta, em entrevista ao repórter Jô Myiagui, da TVT.
Assim, como Eva, milhares de pessoas estão sem receber o benefício. Em São Paulo, os cortes atingem até quem está sem emprego e mora em ocupação.
— Com ele a gente comprava algumas coisas para cara, como gás, arroz e feijão. Esse dinheiro ajudava bastante — lamenta Eva.
Corte de benefícios
Só em julho deste ano foram retirados 543 mil beneficiários do Bolsa Família. Ao todo, sob o governo Temer mais de um milhão de famílias foram excluídas do programa. O corte inclui cancelamentos e as chamadas suspensões para análise, sob alegação de que as análises permitem retirar famílias que não precisam mais do benefício e incluir outras que não recebiam.
Em tempos de crise, com mais de 14 milhões de desempregados, é quando se tornam mais necessários os programas sociais públicos de segurança alimentar. O Bolsa Família, além de ser um complemento de renda, ajuda a movimentar a economia. É o que explica André Luzzi, pesquisador da ONG Ação da Cidadania.
— Segundo o Banco Mundial, o combate à pobreza na América Latina é quase condicionado ao Bolsa Família. Sem esquecer as demais estratégias brasileiras de superação da miséria. Quase metade da população da América Latina conseguiu superar a fome e a miséria com programas de transferência de renda — explica
De acordo com o próprio Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, outras 500 mil famílias estão na lista de espera. Mas sem previsão de entrada.
Economia e renda
Com esse corte de 543 mil benefícios, o governo anuncia que vai "economizar" R$ 100 milhões por mês. Para o pesquisador, o teto de gastos adotado pelo governo Temer não deveria cortar programas sociais.
— Não faz nenhum sentido. É uma política perversa, Retira direitos da população que mais precisa e que, ao longo do período de ascensão econômica que o Brasil teve, foi o indutor de processos de grande dinamização da economia local; de melhoria da renda e da alimentação das pessoas — conclui.