(Foto: Rádio Amaraji FM 98.5 - Amaraji PE)
BRASÍLIA — O ex-ministro Eliseu Padilha, que deixou o cargo há cerca de dez dias — logo após a deflagração do processo de impeachment da presidente Dilma Rouseff — disse ao GLOBO que a decisão sobre quando o PMDB deve deixar o governo será tomada na convenção do partido, marcada para março. Ele alertou, no entanto, que ela pode ser antecipada, ainda nesta semana, caso o governo interfira na disputa pela liderança do PMDB na Câmara e ajude Leonardo Picciani (PMDB-RJ) a retomar o posto. O ex-ministro nega que o grupo ligado a Michel Temer esteja trabalhando pelo impeachment, mas admite que o vice-presidente e seus aliados têm mantido conversas com lideranças políticas e setores do empresariado. Segundo Padilha, nestas conversas, Temer se coloca como um "legalista" e diz que não adotará medidas para "impulsionar ou não" o impeachment.
A convenção do partido será antecipada?
Para haver convocação, são necessários nove diretórios concordando, e isso já existe. No começo desta semana, a gente vai ver. A convocação pode ser feita de três formas: com os nove diretórios, com uma decisão da Executiva ou diretamente pelo presidente do partido. A única hipótese de analisarmos logo isso esta semana é se o governo forçar a volta do (Leonardo) Picciani à liderança do PMDB (na Câmara).
Pode haver uma decisão sobre impeachment?
Antes da convenção, acho muito difícil. Vamos admitir que na convenção o PMDB decida ficar no governo: claro que, neste caso, é contra o impeachment. Se a decisão for sair do governo, é natural que o partido fique liberado desse compromisso. Não é que todo mundo vai ser contra ou a favor do impeachment, não pense que vai ter unanimidade no PMDB.
O que defende a maioria no PMDB hoje?
Na base do partido, a diferença é muito grande a favor de sair do governo. A maioria absoluta é pela saída.
O senhor é a favor da saída?
Essa é uma questão maior do partido. Minha opinião é a que menos conta. O que tenho que fazer é ouvir e procurar construir a unidade.
E Temer?
Michel é o maior trabalhador da unidade do partido, se encontra realmente dividido. Ele tem que se guardar para ver onde ele pode ajudar e aumentar o sentido da unidade.